domingo, 23 de junho de 2013

3 mil manifestantes se reúnem contra a PEC 37 no centro de Boa Vista

Grupo protestou no centro de Boa Vista. Foto: Lucas Luckezie
Segundo a Polícia Militar, cerca de 3 mil manifestantes protestaram contra  o Projeto de Emenda Constitucional 37 (PEC 37), - conhecida como a PEC da Impunidade - no centro de Boa Vista. O percurso teve concentração na Praça das Águas a partir das 19h, e depois caminhou em direção à Praça do Centro Cívico, e passou pelas avenidas Capitão Júlio Bezerra, Ville Roy, contornando ao Centro, onde protestaram em frente ao Palácio Senador Hélio Campos. A manifestação terminou em frente à Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Em alguns pontos do percurso, o Blog registrou tumultos entre manifestantes, mas em minoria. Houve gritos de “sem violência”, “fora Anchieta”, “o povo unido não precisa de partido”, “ei Jucá vai tomar no ...” e "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". O grupo também cantou os hinos de Roraima e nacional. Vândalos acenderam fogueiras em frente ao Palácio Senador Hélio Campos e à ALE-RR, onde segundo informações de testemunhas, a Polícia Militar atirou uma bomba que atingiu uma manifestante.

Além de protestar contra a PEC 37, outros manifestantes levantaram cartazes contra diversos assuntos, como o “não ao monopólio Boa Vista x Manaus”, em que um rapaz reclama que “só tem uma empresa de ônibus, e que Roraima é o único estado do Brasil que ainda continua esse monopólio”, afirmou

“Falta saúde, educação, infraestrutura, falta tudo. As ruas de Boa Vista estão iguais vicinais. Se [o protesto] não resolver, os políticos são muito burros”, declarou Antônio Ferreira, 35, que estava na manifestação. 

O estudante Leandro Sampaio, 16, diz que Roraima tem “um dos piores governos do pais”. Ele acredita que “se a manifestação for bem feita, de forma pacífica, de um jeito que possa tocar os políticos, pode haver algum resultado”, afirmou. 

O professor Valdecy Oliveira, 26, crê que as manifestações fizeram o Brasil acordar. “O Brasil acordou e viu que a gente era lesado, porque pagamos nossos impostos, e não há retribuição por parte da administração pública”. Ele questiona que os filhos do governador Anchieta estudam em escolas particulares. “Ele diz que o estado tem uma educação de qualidade, no entanto, seus filhos estudam numa escola particular. Se a educação pública fosse de qualidade, jamais colocaria os filhos numa escola particular”, questionou.

O estudante Tiago Fernando, 16, afirma que o protesto pode sensibilizar a população para as próximas eleições. “Quem está aqui, sem ser os vândalos e oportunistas, vão contribuir na próxima eleição, não diretamente agora”, declarou.

Já o presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (SODIUR), Lupedro Morais, defende os indígenas do estado. “O povo indígena também acordou. Estou aqui representando 15 mil índios no estado de Roraima, pra dizer às autoridades, aos parlamentares, ao Governo do Estado e Federal, que estamos conscientes do que queremos, e não vamos aceitar essa ausência de políticas públicas, programas de ação direcionados ao povo indígena”, declarou.

Universitários criaram um ônibus de papelão com escritos de “fora Anchieta”, e pedindo mais educação. O estudante Leandro Ferreira, 17, que estava no ônibus, protesta contra a corrupção, e alerta às autoridades. “Somos contra a corrupção, contra os políticos corruptos que estão em nossa cidade, e estão só pra roubar, não fazem nada, pegam dinheiro em nosso nome e não fazem nada. Vamos sensibilizá-los, eles estão com medo da gente, quem manda neles somos nós", destacou. 

O professor Wender Ciricio, 50, relata sobre a desigualdade social, e apela por uma distribuição de renda mais justa no Brasil. “Fico impressionado que o Brasil é um país rico, e já foi provado. Temos uma das maiores economias do mundo, mas a distribuição de renda é totalmente injusta. Meu maior apelo é por uma melhor distribuição de renda, e pela possibilidade de quem está em desvantagem ter mais chance, ter mais educação, ter mais saúde”. Ciricio questiona o fato da população do estado crescer, mas mesmo assim o Hospital Geral de Roraima (HGR) não passa por uma reforma de ampliação. “A população cresce a cada dia, e ele [HGR] só muda a pintura”, declarou.

O protesto terminou na Assembleia Legislativa, onde o grupo de manifestantes se dispersou, por volta das 22h.

Confira a galeria de fotos:

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