Guilherme Brasil |
O
pugilista Guilherme Brasil, de 16 anos, vem se destacando no boxe, no Estado.
Luta há quase seis anos e já venceu um atleta 12 anos mais velho, o Camani
Viajiri, 28 anos, pela categoria até 64 kg, no torneio preparatório para a Copa
Norte de Boxe, realizado no fim de semana. Entre tantas conquistas, está a do
ano passado, a medalha de bronze na categoria cadete, no Campeonato Brasileiro
de Boxe, em Aracaju (SE), que o fez ingressar na seleção brasileira da modalidade.
Mas,
como todo mundo sabe, conquistar um espaço no cenário nacional em qualquer
esporte não é fácil. É preciso dedicação aos treinos, disciplina, determinação
e apoio. Precisou o treinador Ronaldo Silva entrar na vida de Guilherme para
auxiliá-lo nos treinos. A parceria começou em 2008, quando Ronaldo criou o
projeto Atleta Olímpico, que tem como objetivo formar cidadãos e atletas
olímpicos de forma a evitar que jovens se percam pelo mundo das drogas e das
ruas.
Guilherme
foi uma das oito crianças que inauguraram o projeto, na época, no bairro União.
Ele tinha 10 anos quando iniciou. Era uma criança franzina, que mal se
alimentava e, além de problemas de bronquite, tinha problemas com a mãe, Luiza
Brasil, que, quando necessário, dava aqueles “puxões de orelha”.
Ronaldo
Silva foi o “cara” que o ajudou a enfrentar esses problemas. No início, a mãe
não queria que Guilherme participasse do projeto por conta da bronquite, e, na
época, ela não revelou isso ao treinador Ronaldo, que irá entender hoje o porquê
quando ler esta reportagem. Quem o autorizou a participar foi o pai, Reginaldo
Pereira.
Guilherme,
que atualmente está cursando o terceiro ano do ensino médio, afirma que o
projeto também fez melhorar seu rendimento escolar. As disciplinas que ele mais
gosta são Geografia, Física e Química. “Quando eu entrei no projeto, minhas
notas na escola eram baixas, aí minha mãe pegou minhas notas e foi reclamar
para o professor e elas melhoraram. Antes, eu ficava mais na rua com os amigos,
mas agora eu fico mais em casa mesmo, só saio para a academia e para a escola”,
disse.
A
mãe, Luiza, confirma que o programa ajudou muito a vida do filho no convívio
social, no crescimento em estatura e na obtenção de massa muscular através dos
exercícios. “Antes do projeto ele era bem magrinho, não comia. Mas depois
disso, ele melhorou muito. Se destacou na escola, na academia. Através do
projeto, ele passou a se alimentar de coisas que não comia, como feijão e
arroz. Ele começou a se alimentar bem, criou mais massa muscular, cresceu.
Antes ele tinha problemas de crescimento”, afirma a mãe.
O PROJETO
O treinador Ronaldo Silva criou o projeto em 2008 |
Guilherme
é uma das mais de 100 crianças e adolescentes que integram o projeto Atleta
Olímpico, criado em 2008, pelo treinador de boxe, Ronaldo Silva, de 40 anos.
Ronaldo dedica sua vida ao boxe desde 1991, quando morava em sua cidade natal,
Itaituba (PA). Por morar no interior, as oportunidades de se destacar no
cenário estadual eram escassas. Até que, em 1995, houve uma seletiva para a
seleção paraense de boxe, e ele não desperdiçou a oportunidade. Foram quatro
lutas. Ele venceu três e conseguiu sair de Itaituba para morar em Belém, onde
fica a seleção.
Na
capital, ingressou no projeto Atleta Olímpico, desenvolvido pela prefeitura de
Belém – de onde veio o nome da iniciativa que, há quase seis anos, vem dando
certo em Boa Vista. Ainda no Pará, Ronaldo conseguiu se destacar em torneios,
e, graças ao projeto, começou a dar passos mais longos, chegando a ser reserva
na seleção brasileira de boxe por quase quatro anos (1999 a 2002), tendo que
morar em São Paulo neste período.
Depois,
Ronaldo voltou ao Pará, e logo se mudou para Roraima. Em 2008, como forma de
agradecimento ao que o esporte lhe proporcionou, o treinador criou o projeto
Atleta Olímpico, em Boa Vista, visando formar, gratuitamente, atletas
olímpicos, além de evitar que jovens entrem nas ruas, nas drogas e no crime. O
programa também tem contribuído para a formação acadêmica de alguns de seus
atletas, através de uma parceria com uma faculdade.
O
principal alvo são crianças e adolescentes entre 10 e 16 anos de idade. “O
projeto começou com oito crianças na área da nossa casa. Aí, foi ficando grande
e tivemos que alugar um galpão, mas também ficou pequeno. Então, passamos a
atender 106 pessoas, entre 10 e 16 anos e o espaço ficou pequeno demais. Agora,
alugamos um galpão maior para ser a nova sede”, conta Ronaldo.
Com
a nova sede - localizada na avenida Parimé Brasil, no bairro Caranã, ao lado da
loteria -, Ronaldo foi forçado a cobrar uma colaboração de R$ 30 por mês, e
pedir patrocínio a três empresas para custearem a mensalidade de 30 atletas,
entre eles, Guilherme. E o interessante é que o treinador trouxe para a
academia materiais como a “pera maluca”, que alguns atletas relataram que nunca
treinaram com isso.
Em
relação aos resultados competitivos, em seis anos de criação, já foram 14
medalhas nacionais, com destaque para a medalha de bronze de Guilherme, e a
prata de Guidson Araújo, no Campeonato Brasileiro de Boxe 2013. Graças às
conquistas, os atletas farão parte da seleção brasileira da modalidade.
Quem
tiver interesse em participar do projeto Atleta Olímpico, basta entrar em
contato com o professor Ronaldo pelos números (95) 9154-9610 ou 8112-8235. O
projeto funciona de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 9 horas, e das 16h30 às
20 horas, na nova sede.
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