Os protestos que começaram em junho
movimentaram milhares de pessoas em todo o Brasil, e provocou mudanças notáveis
na economia e política do país
Mais de um milhão de pessoas foram às ruas em junho |
As
manifestações que movimentaram o Brasil a partir do mês de junho mudaram a
questão do comodismo e conformismo de nosso país. Os políticos representantes
do povo começaram a temer os gritos de mudança da sociedade brasileira. Os que
se calavam ganharam voz, mesmo que tenham sido covardemente atacados por
policiais, e engolidos pela mídia.
Inicialmente, a partir do dia 2 de junho, os movimentos se concentraram em São Paulo, onde protestavam contra o aumento da passagem do transporte coletivo. A ampla maioria dos manifestantes eram jovens estudantes. Nos dias seguintes, outras capitais como Natal, Porto Alegre, Teresina, Maceió e Rio de Janeiro se uniram aos manifestos populares.
Inicialmente, a partir do dia 2 de junho, os movimentos se concentraram em São Paulo, onde protestavam contra o aumento da passagem do transporte coletivo. A ampla maioria dos manifestantes eram jovens estudantes. Nos dias seguintes, outras capitais como Natal, Porto Alegre, Teresina, Maceió e Rio de Janeiro se uniram aos manifestos populares.
As
passeatas ganharam mais força durante a Copa das Confederações. Na estreia do
evento, a presidente Dilma Rousseff ao lado do presidente da FIFA Joseph
Blatter, enquanto lia o discurso de abertura, foi vaiada diante de milhares de
torcedores no jogo entre Brasil e Japão, no estádio Mané Garrincha em Brasília.
No dia 17 de junho, cerca de 300 mil pessoas se mobilizaram em 12 cidades brasileiras. O maior número de pessoas foi registrado na cidade do Rio de Janeiro, cerca de 100 mil, segundo a Polícia Militar. Outro destaque do dia foi a ocupação de pessoas no Palácio da Alvorada em Brasília, o que lembrou a cena de 1984, onde uma multidão ocupou o local, reivindicando eleições diretas para presidente.
No dia 17 de junho, cerca de 300 mil pessoas se mobilizaram em 12 cidades brasileiras. O maior número de pessoas foi registrado na cidade do Rio de Janeiro, cerca de 100 mil, segundo a Polícia Militar. Outro destaque do dia foi a ocupação de pessoas no Palácio da Alvorada em Brasília, o que lembrou a cena de 1984, onde uma multidão ocupou o local, reivindicando eleições diretas para presidente.
A
questão do preço da passagem do transporte coletivo começou a perder o foco a
partir do dia 19, quando Rio e São Paulo reduziram a tarifa, e depois outras cidades
anunciaram a redução do preço. Foram colocados em pauta nos protestos em 120
cidades, os gastos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o combate à
corrupção, educação e saúde precárias, a “cura gay”, a PEC 37, entre outros
temas.
Os protestos logo tiveram efeitos. A Câmara Federal derrubou por 430 votos a 9, a
PEC 37 – projeto que tirava do Ministério Público o poder de investigar. Foi
aprovado no Congresso o projeto que torna a corrupção como crime hediondo. Na
Câmara, foi aprovado o projeto que destina os royaltes do petróleo em 75% para
a educação e 25% para a saúde. Em 2 de julho, a “cura gay” foi tirada de pauta
pelo presidente da Câmara, Henrique Alves.
BOA VISTA – A capital de Roraima se uniu às causas nacionais
no dia 18 de junho (terça-feira). Milhares de pessoas se reuniram no centro da
cidade, até o dia 22 (sábado) para protestar contra a corrupção, a falta de
infraestrutura na saúde e educação, e contra o poderio político do governador
do Estado José de Anchieta e família Jucá. O último dia de passeata, no sábado,
onde o tema central era a rejeição da PEC 37, foi registrado o maior número de
pessoas, cerca de 3 mil, segundo a Polícia Militar (PM). Durante alguns
manifestos, a PM precisou jogar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para
intimidar uma minoria de baderneiros.
As
manifestações de Boa Vista na visão dos partidos políticos
Os protestos na capital roraimense
são apoiados por partidos como o PMDB e PDT
Fotos de Lucas Luckezie e Felipe Medeiros durante os protestos em Boa Vista
As manifestações feitas de forma pacífica são legítimas. A Constituição Federal Brasileira em vigor desde 1988 prevê em seu artigo 220 que é livre a manifestação de pensamento e expressão. Os líderes locais do PMDB, partido que comanda Boa Vista, e do PDT, que luta nas últimas eleições por um cargo majoritário, no âmbito estadual e municipal relatam seus posicionamentos a respeito das manifestações em Boa Vista.
A
reportagem enviou perguntas via e-mail para o presidente do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro em Roraima (PMDB-RR), e vice-presidente da
sigla nacional, o senador Romero Jucá que está em Brasília. A assessoria
entrevistou o senador com os questionamentos, e gravou um material em áudio,
especialmente para esta matéria.
Na
gravação, o presidente do PMDB no Estado destacou a visão do partido sobre as
manifestações. “Nós entendemos que as manifestações são legítimas.
Elas demonstram um somatório de reivindicações de insatisfações, de questões
relevantes do ponto de vista social, econômico e moral, ético e político, as
quais precisam de respostas, com ações concretas por parte dos poderes
institucionais e da própria sociedade”.
Foto: Senador Romero Jucá (PMDB-RR) |
Durante
as manifestações de Boa Vista, o Blog do Lucas Luckezie
entrevistou alguns manifestantes que afirmavam que os políticos se esconderam,
pois temiam a pressão popular, sobretudo, o vandalismo praticado pelos pequenos
grupos de vândalos.
De acordo com este pensamento, o senador relata que
os políticos do PMDB não se sentiram de forma alguma pressionados ou
hostilizados. “De forma nenhuma fomos hostilizados. Eu acho que nós que estamos
na vida pública, temos que estar preparados para a cobrança, para as críticas,
e a ação politica é exatamente de representação, de debate e embates, e
principalmente de respeito à manifestação da população”, declarou.
A violência não legitima a revolta da população por
melhorias na política, como lembra Jucá, que também defendeu os manifestantes,
que em maioria estavam nas passeatas de forma pacífica. “É claro que durante as
manifestações existiram vandalismos e excessos, mas esses excessos não podem
ser apoiados e nem utilizados como forma de inibir ou desqualificar a maioria
da população, a grande maioria que estava presente reivindicando, protestando,
e exercendo seu direito legítimo de se manifestar”, enfatizou.
O senador destaca os resultados dos protestos. “Eu
acho que o Governo Federal entendeu o recado das ruas, a própria presidenta
Dilma já remodelou algumas ações e posturas do Governo, o Congresso Nacional
fez seu esforço concentrado, votou matérias, e arquivou outras como a PEC 37. Eu
acho que os partidos políticos entenderam que o importante é ampliar o escopo
de participação, os próprios segmentos organizados viram que tem que se
organizar e tem que colocar adequadamente os pleitos, que nós tivemos fatos
positivos e concretos, frutos das manifestações”, destacou Jucá que não se
limitou a falar sobre os efeitos dos protestos em Boa Vista.
Telmário Mota. Foto: Divulgação / Facebook |
O partido apoia as manifestações, e se centra nos
ideais do seu fundador Leonel Brizola, que valorizava o apelo popular, como lembra
o presidente da sigla no Estado. “Brizola dizia uma coisa interessante, mesmo
que você esteja fazendo parte de um governo, mas que esse não atende a sociedade
popular, largue o governo e vá com o povo. Esse é o nosso pensamento, o nosso sentimento.
Se as pessoas foram às ruas e gritaram alguma coisa, o PDT tem a obrigação de
estar do lado delas”, declarou.
Como o partido nasceu de manifestações populares,
cria-se a ideia de que tenha se infiltrado nas passeatas. Durante os protestos,
os organizadores barraram pessoas ligadas a partidos políticos, os quais
consideraram estas como oportunistas. Mota nega que tenha se infiltrado nos
manifestos. Ele apenas afirmou que chegou a convocar a sociedade boa-vistense a
ir às ruas.
O presidente regional do PDT convocou os jovens
filiados, não para levantar a bandeira do partido, mas para reivindicar por
melhorias dos serviços públicos no Estado, os quais estavam sendo deixado de
lado pelos manifestantes – maioria jovens - que protestavam contra mazelas
nacionais como a PEC 37, e não locais.
“Roraima hoje vive várias dores e necessidades, e ir
pra rua só gritar contra a PEC 37 era muito pouco. O PDT não foi, mas eu
aproveitei, como tive 30 mil votos [nas eleições de 2012 para prefeitura da
cidade], como hoje nós temos pessoas que vê na gente uma liderança, eu fui num
carro de som chamar as pessoas para se unirem a esse movimento, mas eu não fui.
Eu deixei que o movimento fosse popular, mas eu fiz na rua o chamamento, que
como líder político com credibilidade, como homem que tem o voto popular, eu
queria que as pessoas fossem para que o movimento ‘tivesse corpo e músculo’”,
declarou.
RESULTADOS
Em
Roraima - Conforme publicado na imprensa local e pelo site
oficial do deputado estadual Chico Guerra, uma audiência pública realizada na
Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR) no último dia 22 de agosto
discutiu melhorias na educação e saúde do Estado. A pauta de reivindicações foi
discutida entre a Comissão de Educação e Saúde da ALE-RR, líderes de movimentos
sociais, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dos Ministérios
Público Federal e Estadual, da Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Universidade Estadual de Roraima (UERR), Sindicato dos Trabalhos em Educação de
Roraima (SINTER), Conselho Regional de Medicina (CRM), além de parlamentares e
sociedade civil.
O presidente da ALE-RR, deputado Chico Guerra
enfatizou na audiência que os representantes do Legislativo estão cada vez mais
ouvindo os apelos populares da sociedade e “dando oportunidade a todos de
reivindicarem seus direitos legítimos. Os movimentos sociais aqui representados
devem continuar na luta por dias melhores, não fazendo parte de classes
partidárias e sim, representando as necessidades de toda uma população”.
Um breve resumo da atual situação da saúde e
educação do Estado foi levantado pelos líderes de instituições que participaram
da audiência. Todos os relatos ouvidos no encontro serão transcritos numa carta
que será enviada ao Poder Executivo do Estado e aos órgãos fiscalizadores.
A Comissão de Educação e Saúde da ALE-RR já está
articulando ao Governo de Roraima melhorias na saúde e educação. No debate, o
presidente da Comissão, deputado Joaquim Ruiz (PV), afirma que ““Não se faz
educação e saúde no estalar dos dedos, é preciso orçamento para isto. O Estado
trabalha com o orçamento que tem, mas não deixamos de dialogar com as categorias.
Recebemos hoje (22 de agosto) na ALE o projeto que discute o Plano de Cargos e
salários da UERR para juntos encontrarmos bom senso. Estamos em pleno debate
sobre os principais assuntos que afligem nossa sociedade”.
Na tribuna, os representantes dos órgãos
fiscalizadores do Estado e União contribuíram com os debates, apontando as
falhas no sistema educacional e de saúde e mostraram também as ações existentes
em cada órgão em relação aos impasses apresentados pelos movimentos sociais.
Em
Boa Vista - Em entrevista à Folha de Boa Vista, em
julho, os líderes do movimento “Vem Pra Rua” - um dos grupos que organizou as
passeatas na capital – afirmaram que os poderes Executivo e Legislativo
Municipal não mostraram posicionamento quanto aos questionamentos.
O grupo apresentou as reivindicações ao
vice-prefeito Marcelo Moreira, e ao presidente da Câmara Municipal, vereador
Léo Rodrigues, mas ambos disseram que não poderiam atender aos apelos.
Temas como educação, saúde, segurança,
transporte público e lazer foram alguns pontos da pauta. Os líderes destacaram no
documento, a urgência na solução de problemas como o funcionamento dos
restaurantes populares e a restauração das 46 praças que se encontram em
péssimas condições na capital.
“É
por conta do jogo de interesses individuais, que as manifestações não deram
certo”, diz a socióloga Alessandra Rufino sobre os protestos em Boa Vista
A socióloga e professora universitária
Alessandra Rufino acredita que as manifestações não obtiveram os resultados
concretos por haver um jogo de interesses individuais. “O
problema dos manifestos é questão dos interesses. Cada um de nós tem interesses
individuais. Nós podemos ser a maioria, não estamos à frente do poder, mas
podemos ser a maioria, porém, esses interesses próprios é que estragam tudo”.
Rufino acredita que a população deve ter a visão de
lutar por interesses coletivos, como o combate a corrupção, e que faltou
organização nas passeatas. “Quando nós pensarmos como uma maioria, o que é muito difícil,
quem sabe? Porque é por esses jogos de interesses individuais, que a meu ver,
as manifestações não deram certo. Havia grupos que queriam protestar só pela saúde,
outros, só pela educação. Vamos pensar de forma coletiva e ir às ruas com um
único direcionamento, que a priori, deveria ser contra a corrupção. Faltou
isso, uma organização”.
O presidente do PDT-RR, Telmário Mota, concorda que
não houve uma organização adequada dos protestos em Boa Vista, e que diante
disso, movimentou a juventude de seu partido a levar a mensagem socialista às
ruas. “Como percebemos que as manifestações em Boa Vista não tinham uma organização
adequada, ela acabou não deixando uma mensagem. Eu que fui do grupo jovem e estudantil,
fui universitário, trabalhei muito quando me formei, então eu orientei a
Juventude Socialista que fosse às ruas, mas que fossem com uma mensagem”. A
orientação de Mota foi de que o grupo deveria reivindicar melhorias a âmbito
local, já que questões nacionais como a PEC 37 estavam em pauta nas passeatas na capital.
Por
Deborah de Negreiros, Laura Bentes e Lucas Luckezie.
adorei a reportagem! ficou maravilhosa!
ResponderExcluirDeborah
Nossa reportagem ficou ótima... e o Blog ainda levou um crédito hahaha bjs
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